quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Toda mulher tem que ser forte, seja empresária ou dona de casa! Siga seu caminho com dignidade!

É, já faz muito tempo... 2 anos? Quase... E volto com um assunto polêmico.

Pois é, a idéia desse texto é baseada numa carta que li em outro blog (muito bacana - Blog Mulherão). A moça independente escreve uma carta a uma amiga dona de casa que, segundo o texto, alguns dias antes havia declarado que o melhor era viver ao lado de um marido, de forma submissa, fingindo fragilidade e dependência, porque é isso que homem gosta! É verdadeiramente chocante! Como em 2010, século XXI, uma mulher em sã consciência, assume que vive fingindo fragilidade, submissão e beirando a futilidade, pra agradar e viver ao lado de um homem? Não sei! Infelizmente, acho que em algum momento a tal carta perde um pouco do tom, quando diz o seguinte: "-Ouvindo você defender com tanto afinco sua vida de esposa-mãe-dona de casa, percebi que seus conselhos são muito bons, mas para quem pretende ter filhos e viver da mesada do marido. Não é meu caso, já que tenho carteira assinada e diploma." Eu discordo! Os conselhos dessa mulher não são bons para nenhuma outra mulher, seja ela dona de casa, ou empresária, ou mãe, ou filha, ou amante! Além disso, talvez pela revolta, a autora parece preconceituosa quando se refere a uma mulher dependente financeiramente. Mas logo depois se corrige com a seguinte frase: "- Ser esposa exemplar ou ter uma profissão não é mérito e nem demérito, é apenas questão de escolhas. E há de se respeitá-las, pois toda escolha demanda em consequências e cobra um preço." Aí, ela acerta o tom. É justamente onde quero chegar.
Senti-me incomodada com essa carta, porque me atinge diretamente, já que sou mãe, esposa e dona de casa em tempo quase integral. Para mim, uma das grandes questões feministas dessa geração século XX / XXI, é viver em corda bamba. Ser dona de casa é muitas vezes considerado algo menor, de menos valor social, de menos importância, o certo é tornar-se independente e produzir muito. Por outro lado, se você trabalha muito e seu filho não tem boas notas, ou é um inconsequente, um irresponsável, um delinquente, é porque trabalha muito e não cuida de seu filho. Egoísta e carreirista são alguns elogios que você vai ouvir. Enquanto a outra é come-dorme, fútil, submissa, imprestável, "Amélia". Resumindo, a mulher tem que escolher entre carreira ou constituir família, com a certeza de que vai ser criticada independente do caminho que seguir!
Eu me revolto contra qualquer forma de preconceito. A mulher que segue sua carreira, seja ela qual for, vive num mundo cão, um mundo machista, cheio de preconceitos e onde homens, em geral, tem melhores cargos e salários (é estatístico. Basta pesquisar no IBGE.). Porém, criar filhos não é algo tão fácil que só uma pessoa desprovida de qualificação e de dons pode fazer! Aliás, nenhum trabalho chega a ser tão fácil a ponto de não lhe exigir algum dom. Um faxineiro tem que ter coordenação motora, ter agilidade e tem que ser organizado, por exemplo, mas coordenação motora, agilidade e organização também são dons exigidos para ser um atleta, então um faxineiro poderia ser um medalhista de atletismo! Uma mãe e dona de casa tem que ser administradora, office-boy, secretária, professora, faxineira, arrumadeira, cozinheira, passadeira, babá, pedagoga, psicóloga (infantil e adulto), enfermeira, ombudswoman, produtora de eventos e tem que ser amante!!! UFA!! Cansei!
Agora, fala sério? Eu vivo de mesada do meu marido? E o que ele economiza com todo os cargos que acumulo? Eu sou frágil? Sou submissa? Dependente?
Não!
Abandonei a faculdade de bacharelado em Matemática (UERJ) pra cuidar da minha família, foi a minha escolha. É minha familia que depende de mim e não o contrário. Não crio meus pequeninos pra que passem o resto de suas vidas sob minhas "asas", mas eles são um projeto, são meu melhor projeto. Deixar no mundo pessoas honestas, criar cidadãos trabalhadores, solidários e de bom caráter, não é pra qualquer uma, tem que ser uma mulher forte, de fibra e de pulso. Imagine criar seus filhos dentro de um mundo corrupto, cheio de duplas intenções e de "facilidades", e ter que dizer todos os dias a ele que o certo é trabalhar, estudar e ser correto! Uma mulher que abdica de fazer um bom trabalho acadêmico ou numa grande empresa pra criar filhos, não pode achar que a futilidade e a fragilidade são bons exemplos pras suas filhas e filhos. Criança aprende muito mais com exemplos do que com palavras. Hoje, meus pequeninos não são tão pequeninos, e voltei pra faculdade. Faço matemática na UFF, e meus 4 filhos se orgulham muito de mim! Parei por um tempo pra cuidar deles porque achei que isso era o certo, agora retomo minha individualidade com meus filhos ao meu lado me dando forças pra continuar o "meu" caminho.
Quem não seria feliz assim?


Beijos com saudades desse cantinho e feliz por estar de volta!

Andréa.